Leonorana 2: Famílias
Leonorana 2: Famílias

Leonorana 2: Famílias

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Longe estaríamos de imaginar que ao tratar do tema da “família” pudessem acrescer dificuldades ao já complicado e delicado trabalho de edição — que é, em certa medida, o de constituir um tipo de família, temporária, com um propósito em vista. Neste número, foram mais os convites declinados, maior o tempo de espera e os ensaios que nunca chegaram do que no anterior e do que tínhamos previsto. A “família” tornou-se, assim, num problema de reflexão editorial. Estará o assunto tão datado que se apresenta agora esvanecido, tendo perdido a força que teve noutros tempos? Ou será um tema demasiado sensível, subjetivamente difícil de lidar, em época de tanta insegurança e instabilidade? O comentário especializado ofereceria certamente uma argumentação coerente e bem estruturada, que talvez explicasse a ansiedade suscitada por um tema tão vasto e complexo. Porém, o projeto desta revista diverge da especialização. (...)
Sobre os ensaios publicados, apresentámo-los sucintamente: o ensaio poético de Claes Tellvid tem como ponto de partida o livro The Death of the Family (1970), de David Cooper; os ensaios de Luísa Malato e de Helder Mendes Baião debruçam-se sobre conceções de família do século XVIII nas obras literárias Uma Grifaria de Manuel de Figueiredo e Laure ou lettres de quelques femmes de Suisse de Samuel de Constant, respetivamente; Irene Lusztig apresenta uma versão de um ensaio maior, publica- do online (www.canopycanopycanopy.com), sobre o arquivo, por si constituído, de representações da maternidade; Mafalda Santos desenha uma teia de nomes, de laços de afeto, de sobrevivência e de sentido, na qual cruza a identificação de elementos da sua família com referências à comunidade que se formou durante o tempo em que viveu e geriu a residência artística e literária Moinho da Fonte Santa, no Alandroal; Isabel Carvalho parte de um biombo ilustrado por Aurélia de Sousa para abordar a ética do cuidar; Anton Yarush reflete sobre as representações da família, entre estereótipos e desvios, num dado meio cultural (Cáucaso Norte), percetíveis no filme Closeness (Tesnota, 2017) do qual é argumentista; Ana Carvalho apresenta um conjunto de desenhos que se inspiraram na metodologia especulativa de Ursula Le Guin tratada em Dancing at the Edge of the World; Ana Matilde debruça-se sobre um género de BD e de animação japonesas que colocam em rutura as expectativas sobre os lugares de pai e de mãe na estrutura familiar; Eduardo Batarda traslada, da série de pinturas intitulada Image Descriptions, textos que tiveram, por sua vez, como derivação curtos fragmentos de artigos críticos ou recensões relacionados com arte, história e crítica de arte, aqui ficcionalmente projetados, sob a idealização de família; Tania Espinoza através de dois documentários de Leyla Assaf-Tengroth, reflete sobre género e envelhecimento; Laura Sequeira Falé escreve sobre o trabalho de “agrafagem” intitulado Famílias da autoria de André Tecedeiro (das quais aqui se publicam duas imagens); por fim, o ensaio visual de Clara Batalha capta a família como uma espécie em mutação por sucessivas transgressões integradas, retirada do exemplo da vegetação comum.

 

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